The Walking, Bright,Star Wars e: O Último Jedi: Sobre diretores, fãs e os críticos

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O ano de 2017 terminou com três inesperadas polêmicas no universo do cinema e das séries; a primeira foi sobre a discutível decisão de matar um querido personagem em The Walking Dead, o que iniciou uma enorme revolta dos fãs contra o produtor da mesma Greg Nicotero; depois tivemos a estreia de Star Wars: O Último Jedi que foi extremamente elogiado pelos críticos, mas de forma curiosa não está sendo bem recebido pelos fãs e para terminar o ano o filme da Netflix Bright recebeu duras críticas dos especialistas, o que revoltou o diretor David Ayer que decidiu responder grosseiramente essas críticas. Diante de tudo isso resolvi escrever este texto para comentar a cada vez mais difícil relação, especialmente por causa da internet e seus trolls, entre diretores/roteiristas/produtores, fãs e críticos.

Para não ficar em cima do muro vou rapidamente dar minha opinião sobre as polêmicas citadas. Desisti de The Walking Dead na temporada passada por acreditar que os roteiristas não souberam levar a história para o caminho certo, neste caso concordo com os fãs e discordo profundamente da ideia de matar esse personagem, um erro que pode custar caro para o que agora pode ser o curto futuro da série. Sobre O Último Jedi discordo totalmente dos fãs e concordo com os críticos, o argumento dos fãs de que muitas mudanças foram feitas na mitologia é quebrado ao lembrar que O Despertar da Força foi exatamente criticado por não trazer nada de novo, vou ainda mais longe e afirmo que o filme é o segundo melhor de toda a franquia; por fim os críticos foram excessivamente exigentes e chatos em relação a Bright, uma aventura de fantasia aceitável e que cumpre seu objetivo maior de entreter e apresentar um universo que pode ser utilizado em uma atraente franquia.

Um dos motivos que me levou a desistir do meu antigo site (o TV Cinema e Música) e a parar de escrever por dois anos foi exatamente a difícil relação com os fãs/trolls da internet que simplesmente não aceitam que discordem de suas opiniões e critiquem seus filmes ou séries favoritos, já aqueles que concordam e gostavam dos meus textos quase nunca comentavam. Este tempo que fiquei afastado também serviu para compreender que os críticos muitas vezes são realmente exigentes demais e muitas vezes, principalmente com os inúmeros sites pseudo especializados que existem, escrevem com o único objetivo de causar polêmica. Por causa destes dois pontos de vistas, decidi que aqui neste meu novo site não iria escrever críticas, não usaria o sistema de estrelas ou notas, mas sim usar uma certa série ou filme para falar sobre um assunto relacionado a este universo do cinema e da séries, com ênfase no roteiro, sempre com comentários embasados e argumentos que ajudem ao leitor entender o motivo dos meus elogios ou críticas a certa produção, mas jamais criticar simplesmente por não gostar de algo, tanto que evito falar sobre filmes ou séries que não combinam com meu gosto particular. Vocês vão perceber ou já perceberam que nunca dou uma opinião final sobre um filme ou uma série, sempre deixo aberto para vocês leitores a opinião final.

O crítico é geralmente, nem tanto como já foi antes, uma pessoa que estudou ou estuda o cinema e a televisão, por isso tem uma visão mais completa de uma obra e tem como obrigação maior fazer o público ver o lado mais profundo, especialmente pelo lado técnico, seja do roteiro, fotografia ou outros temas, para ajudar o grande público a entender o que está por de trás daquele produto, dar a ele uma outra visão que o fará pensar e talvez repensar sobre a sua opinião, mas jamais obrigá-lo a mudar a sua opinião. Concordo que para os críticos é muito difícil a relação com os fãs mais exaltados, mas felizmente para isso foi criado a moderação dos comentários. Sobre diretores, produtores e roteiristas e a relação deles com fãs e críticos precisa melhorar e muito, um embate que nunca vai acabar, os diretores e roteiristas conseguem ser muitas vezes mais chatos que os fãs, com seus fortes egos, acreditam que estão sempre certos e para eles os críticos são diretores e roteiristas frustrados e os fãs são meros fanáticos. Muitos estúdios e produtores já perceberam que com a internet a participação do público ficou maior e mais próxima, por isso é preciso sim em muitos casos ouvi-los antes de tomar certas decisões, mas jamais ficar preso as opiniões dos fãs, é também preciso provocá-los mostrar uma outra ideia, para que os mesmos sejam surpreendidos e percebam que certas mudanças ousadas podem render bons resultados, o melhor exemplo disso é Game of Thrones com suas inesperadas mortes. Cabe muito aos produtores mediar essa relação entre diretores/roteiristas e fãs, mas essa mediação sempre acaba trazendo como o resultado o famoso “por diferenças criativas”, quando um diretor é simplesmente demitido por não querer seguir a visão que o produtor ou estúdio tem para um filme, mas claro nem sempre os estúdios sabem realmente o que os fãs querem assistir, tentar decifrar o que passa na cabeça do público é algo cada vez mais difícil. Já o fã, por mais que isso seja quase impossível, precisa entender que não é porque você ama algo, todos os outros também vão gostar da mesma maneira, isso só irá prejudicar o próprio fã que precisa ver que fazer críticas para algo que ele goste pode ser algo positivo, o amor cego nunca leva a um bom lugar.

Depois de escrever tudo isso, a pergunta que fica é afinal quem está certo, os críticos, os fãs, os roteiristas? Nenhum e todos, isso depende muito do que está sendo discutido, mas já passou da hora de cada um respeitar a opinião do outro.